Orgânicos: alimentos caros para ricos?

por | 19/01/12 | Revolução, Sustentabilidade | 2 Comentários

Quanto custa se alimentar bem?

Quem procura a vida, vivo é!

Uma semente renova a vida,
grão por grão se enche uma espiga.
No campo contente o gérmen ativa,
pela mão do são, forrará a barriga.
Da alvorada ao crepúsculo,
sob o sol ou forte chuva,
o homem e seu discípulo
colhem feijão, batata e uva.

Mão calejadas de muito trabalho
da terra, com a enxada, tira seu salario.
Colhe beterraba, coentro e alho,
Na serra a fonte, no mar o estuário,
na mata a fera procura seu faro,
das fibras se tecem belo vestuário.
E o homem da terra continua feliz
cuida do seu povo,
e do seu próprio nariz,
com fé sobe o morro
em busca da nascente
levando cheio o jarro
de água pra sua gente
Alimentação orgânica é um tema em alta hoje em dia. Muitos dizem que é pra ricos, que o pessoal mais humilde não pode ter acesso devido aos preços. Balela, pura jogada de marketing pra que os alimentos encareçam cada vez mais e manter um povo subjugado pela desnutrição. Claro, comprar alimentos orgânicos no super mercado é um assalto. Mas isso é devido as estratégias de lucro destas empresas, que não são coerentes nem com o consumidor e nem com o produtor. Em feiras livres podemos ter o contato direto com o produtor do alimento, esclarecendo dúvidas sobre como é cultivado e obtemos preços bem mais justos que no mercado.
Comprando os alimentos diretamente com o produtor ecológico, estamos incentivando uma atividade que vai muito além da saúde do consumidor. Colaboramos para a saúde de um pai, de uma mãe, de filhos, de uma comunidade inteira, que deixa de lidar com agrotóxicos e venenos fortíssimos aos que entram em contato. Veneno! Como alguém pode se sentir tranquilo de levar alimentos cobertos de veneno para sua família? Como diz um amigo meu produtor: “o orgânico começa pela consciência.”

E é verdade, tem gente que prefere pagar prestações de eletrodomésticos fúteis, como televisões de alto padrão, roupas caras, carros importados, gasolina pra ir até a esquina comprar pão e na hora de desembolsar os cascalhos pra alimentar a família, reclama e chora muito. Por vezes vejo isso acontecer na feira. Os fregueses acham caro os preços mas não se dão conta do valor agregado que tem nisso tudo. Sem falar na saúde da família a longo prazo, sem remédios, sem tratamentos caros. Economia funcional.

É bom também falar dos males que as industrias (los indusTristes, como dizia um velho amigo colombiano) agregam por onde passam. As industria de agroquímicos estão fortemente ligadas a diversos setores da industria e sociedade. São políticos financiados por gigantes transnacionais, industrias farmaceuticas comandadas pelos mesmos diretores dos fabricantes de agrotóxicos. A falcatrua chega a tanto que em alguns estados do Brasil, indústrias do ramo recebem até 100% de isenção de ICMS. Assistam o documentário “O Veneno Está na Mesa” e irão entender um pouco mais destes malefícios. Alimentação também é política!
O processo agroecológico envolve a construção coletiva do conhecimento, democratizando assim os saberes e obtendo mais precisão nas técnicas para cada região. É burrice pensar que podemos contar com pacotes tecnológicos que resolvam problemas parecidos em lugares diferentes.

Sugiro a pesquisa na sua cidade para encontrar uma fonte segura de alimentos livres de contaminações e cheios de amor e dedicação. Entre em contato com os produtores, converse com eles, normalmente se mostram pessoas muito abertas. Se seu problema é dinheiro, pergunte se tem algo que você possa fazer em troca de verduras, se tem alguma coisa que sempre sobra, mostre interesse e respeito pelo trabalho deles que de alguma forma todos sairão beneficiados!

2 Comentários

  1. Anônimo

    Posso aproveitar para desabafar uma idéia?

    Ola
    Acompanhei a discussão de um projeto desses de pacotes tecnológicos para um grupo indígena do nordeste com resultados não muito satisfatórios justamente por não respeitarem as especificidades locais e culturais. Sabemos que isso é um contexto global e que em nível geral, o Estado nacional e o mercado têm grande influência neste processo com o financiamento e imposição de um modelo agrícola, a nível global, que privilegia a monocultura, a tecnologia pesada, a concentração de terras e o uso intensivo de agroquímico, em detrimento dos povos tradicionais e dos agricultores familiares, a chamada “monocultura da mente”. Todavia, o que observo para esse grupo indígena é que mesmo diante do contexto atual os modos cotidianos de resistência indígena foram capazes de fazer persistir os saberes e práticas agrícolas tradicionais, bem como “indigenizar” os conceitos e práticas advindas tanto de indigenistas como de conservacionistas, incorporando-os e ao mesmo tempo inovando em cima dos mesmos, através dos mecanismos próprios. Ainda bem né!?
    abrç Marilena

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  2. carlosioná

    Não sai tão caro, se alimentar bem é preciso procurar o alimento a questão é que a mídia foca no produto errado da forma errada e da como opção a comida laight light, diet, e ai o população sofre as consequências esquecendo de ir ali na feira e comprar uma boa parte do alimento.
    como já diz o ditado "agente é o que agente come"
    dito e muito certo, não adianta reclamar de gordura, mau star e não se alimentar bem!
    to de acordo ras Carlinhos meu xará!

    Responder

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