Discussão originada no blog CIDADE DOS SONHOS – ou, O Próximo, por favor

Praticamente todas as pessoas são ou foram oprimidas pelas suas famílias… mas ao mesmo tempo, de todas as pessoas que são esmagadas pela família, muitas conseguem superar… me preocupo com as outras, que não conseguem, e com o tipo de comportamento que a família teve para deixar estas marcas insuperáveis da opressão…
Especialmente agora que estou do lado dos “pais” também, consigo entender que, pelo menos em boa parte dos casos, a intenção é sempre das melhores, procurando sempre o que as famílias consideram o “melhor” para sua descendência. Nem sempre os descendentes concordam com o conceito de “melhor”, o que gera conflito… até aí, nenhum problema, atitude até saudável de questionar os valores que antes eram impostos… o problema começa quando os pais e a família não conseguem conceber que seus filhos e descendentes têm uma visão diferente, e não procuram entender este ponto de vista…
Falta de com-paixão… de sentir uma empatia, de colocar-se no lugar do outro… falta de amor… aí o bicho pega… Deus permita que não cruzemos esta linha com nossos filhos…
Quero reproduzir agora um trecho da obra “O Profeta”, de Khalil Gibran, que a meu ver situa bem a atitude que os pais, idealmente, poderiam (ou deveriam?) ter com relação a seus filhos:

“E uma mulher, que segurava um bebê no colo, disse: Fala-nos dos Filhos.
E ele disse:
Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas do desejo da Vida por si mesma.
Eles vêm através de vós, mas não de vós,
E apesar de estarem convosco, não pertencem a vós.

Podeis dar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas,
Pois suas almas vivem na casa do amanhã, a qual vós não podeis visitar, nem mesmo em vossos sonhos,
Podeis esforçar-vos em ser como eles, mas não tentai fazê-los como vós.
Pois a vida não volta para trás, nem permanece no dia de ontem.
Sois os arcos dos quais seus filhos, como flechas vivas, são arremessados.
O Arqueiro vê o alvo no caminho do infinito, e Ele vos dobra com o Seu poder para que Suas flechas possam ir longe e velozes.
Deixai que o Arqueiro vos curve com alegria;
Pois assim como Ele ama a flecha que voa, Ele também ama o arco que é estável.”
Gibran, Gibran Khalil. O Profeta. Porto Alegre: L&PM, 2002.

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