Arquitetura Sustentável, Atitude Consciente.

por | 14/03/12 | Sustentabilidade | 1 Comentário

Casa Cultivo: exemplo de projeto sustentável

A maioria de nós vive em grandes cidades atualmente. Passamos a maior parte do tempo ocupados com nossas tarefas, regidos pelos horários de nossos compromissos. Temos de acordar no mesmo horário e fazer praticamente as mesmas coisas diariamente, independente do clima ou da estação do ano. Isso é um reflexo da desconexão da humanidade com a Natureza. Dedicamos nosso tempo a preocupações relativas a dinheiro, posição social, etc. e não nos importa realmente a saúde do planeta. Inclusive a maioria de nós não se preocupa realmente nem com a própria saúde…


As conseqüências são a depreciação da qualidade de vida, do meio ambiente, catástrofes naturais acentuadas, clima mais extremo. É necessário encontrar o ponto de equilíbrio entre o desenvolvimento humano e a saúde do planeta como um todo, adaptando nosso ritmo e estilo de vida para interagir positivamente com as outras espécies de seres vivos.

Todos causamos alterações no ambiente e no micro-clima. Todos mesmo, até um inseto! Tanto transformações diretas quanto indiretas. Mesmo parados, nossa simples presença física aumenta a temperatura do ar e do ambiente pelo calor corporal, aumenta o nível de CO2 pela respiração, aumenta a umidade pela transpiração, torna-se um obstáculo aos fluxos de ar, etc. As plantas, por exemplo, absorvem a energia solar e o gás carbônico durante o dia, transformando em energia na forma de glicose. À noite elas respiram como nós, absorvendo oxigênio e liberando gás carbônico, além de irradiar uma pequena fração da energia solar absorvida durante o dia.

Cada espécie transforma o ambiente de uma maneira específica. Transforma, inclusive, direta e indiretamente o comportamento dos outros seres ao redor. Uma árvore carregada de frutas torna-se um atrativo para os animais, a presença de um predador inibe a movimentação das possíveis presas, etc. O que experimentamos agora é o resultado da interação de zilhões de seres e fluxos de energia a tudo transformando o tempo todo.

Como ser Humano a questão é tomar consciência dessas interações físicas, químicas, ecológicas e cósmicas. Ser capaz de decidir conscientemente como transformar o ambiente no sentido de atender às necessidades humanas e do planeta como um todo. Quando uma alteração de micro-clima é repetida em larga escala, ocorre uma alteração no clima em geral. Isso fica bem evidente nos grandes centros urbanos, onde as temperaturas são mais altas e o ar mais seco do que nos arredores verdes da cidade, por causa da excessiva pavimentação e impermeabilização do solo.

Como habitante da cidade devemos direcionar nosso modo de vida para compensar o desequilíbrio causado pelo conceito vigente de urbanização: enchentes, congestionamentos, poluição, baixa umidade relativa do ar, calor urbano… Devemos conhecer melhor outras espécies de animais e plantas, principalmente nativas, e suas possíveis interações com a humanidade. A presença de um ecossistema mais complexo, com maior variedade e quantidade de seres vivos, confere maior qualidade ao ambiente e fortalece o equilíbrio ecológico e climático. É possível conviver com mais Natureza sem estar exposto a perigos ou doenças. Criando condições para a sobrevivência de gaviões e corujas, por exemplo, haveria um controle natural sobre a população de ratos e pombos, transmissores de doenças.

A arquitetura pode ajudar produzindo espaços integrados com o exterior e a vegetação, transmitindo com intensidade para os ocupantes as condições de luminosidade, ocorrência de chuvas, visuais interessantes, as condições do clima – o contato físico e visual com os ciclos naturais tem o poder de sintonizar o observador com a Natureza. Pode ajudar ainda oferecendo materiais e técnicas construtivas não agressivas ao meio-ambiente e não poluentes. Pode indicar o plantio de vegetação específica no sentido de constituir uma floresta e um ecossistema urbano. Pode criar estruturas de captação da água de chuva e geração de energia limpa de modo a tornar os edifícios auto-suficientes. Os telhados verdes, por exemplo, reúnem muitas dessas funções em uma única solução, e trazem junto outros benefícios. Enfim, pode compensar, através de um bom desenho, o impacto ambiental causado pela construção, criando ao longo do tempo um balanço positivo.

Em uma escala um pouco maior, as áreas livres ao longo das estradas, canteiros com até 50m de largura, poderiam ser florestadas criando corredores ecológicos para o trânsito das aves, e interligando bolsões de áreas verdes. O pré-tratamento do esgoto doméstico, com uso de fossa séptica antes de despejar os dejetos no esgoto, barateia o tratamento final e melhora a qualidade da água em regiões que não possuem sistema de esgoto. Os rios seriam represados em alguns pontos, formando pequenos lagos e parques. Esses lagos funcionarão como controladores de vazão, diminuindo o risco de enchentes e como estações naturais de tratamento da água, melhorando ainda mais sua qualidade. Poderiam ainda haver algumas ilhas nesses lagos, funcionando como pequenos santuários ecológicos, livres da interferência direta da população. Haveriam ainda bolsões agrícolas dentro das cidades, oferecendo alimento fresco, além da presença de jardins comestíveis nos edifícios e praças, aumentando ainda mais a auto-suficiência. Os edifícios poderiam ser mais altos, desde que cedessem à cidade uma praça permeável e com grande biodiversidade vegetal, contribuindo para a constituição do ecossistema urbano.

A auto-suficiência em água e energia e a presença de um ecossistema diversificado no ambiente urbano aumenta a segurança em relação à crises climáticas e econômicas, melhora a qualidade de vida e a saúde pública. Promove inclusive o crescimento da economia devido à otimização no uso dos recursos. Fortalece o equilíbrio climático do ambiente urbano e do planeta como um todo, na medida que usa e devolve limpos para a Natureza o ar, a água e os demais recursos necessários para a vida humana.

1 Comentário

  1. Unknown

    Infelizmente estamos indo na direção contraria do que você escreveu. Até quando o nosso planeta vai aguentar nossa espécie.

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