No dia 12 de Janeiro, publiquei a postagem “Mano Caetano X Mano Lobão“, abordando a polêmica gerada em torno das música Para o Mano Caetano, de Lobão, e suas desavenças e afinidades com Caetano Veloso.
Exatamente uma semana depois, nosso querido João Luíz Woerdenbag Filho, a.k.a. Lobão, publicou em seu blogue/site oficial uma versão inédita desta canção. Co-incidência ou sincronicidade?
A postagem dizia assim:
Para o mano Caetano na área!
Bem, gente, eu coloquei como segunda música nesse blog “Para o Mano Caetano”que já está pronta, mas nunca saiu nesse formato e é por isso que está ai!
Apesar de ter sido feita em 2000/2001 ela é inédita.
Ah, tb tem o seguinte, vcs podem brincar de entender alguma coisa comparando o “Para o Mano”com o “Lobão tem Razão”.
Eu tenho feito isso e a cada vez que eu termino tenho uma nova interpretação!
Ouça no Player aqui do lado [eu não consegui ouvir no blogue dele, só no MySpace.]
Vejo que estou em sintonia com este artista que tanto admiro. Essa música Para o Mano Caetano me intrigou tanto, que eu continuei a pesquisar e descobri uma reportagem muito antiga a respeito, que explica um pouco mais as motivações do “Lobo bolo” em fazer uma homenagem/tijolada:
Lobão leva à Europa música em que critica Caetano Veloso
MARCELO BARTOLOMEI
Editor de Entretenimento da Folha Online*
O cantor Lobão, conhecido por enfrentar o mercado fonográfico ao lançar, em 99, um CD independente que vendeu 100 mil cópias em bancas de jornais, abre agora um novo round de sua atribulada carreira, não contra empresários do setor, mas com Caetano Veloso, ícone da música brasileira.
Em seu novo show, que ele apresentará na Europa a partir de agosto, Lobão canta uma “homenagem” a Caetano, uma réplica, segundo o que ele próprio diz, a 20 anos de indignação com o pensamento do músico baiano e, principalmente, a uma das faixas do disco “Noites do Norte”, chamada “Rock’n’Raul”.
Lobão, que dá continuidade ao trabalho que fez em “A Vida é Doce”, lançou a canção “Para o Mano Caetano” no Fest Rock Brasília, num show que fechou a madrugada de domingo entre outras atrações locais, nacionais e internacionais.
“Caetano é uma pessoa que eu adoro, que eu amo, mas com quem eu tenho profundas divergências estéticas, filosóficas, existenciais e de pensamento. É uma pessoa que me sensibiliza muito tanto para o bem quanto para o mal”, disse Lobão, horas antes de fazer o show de estréia de “Para o Mano Caetano”.
DVD
Lobão ainda não apresentou “Para o Mano Caetano” comercialmente justamente porque lançará a música junto de “Lullaby”, outra composição inédita, em Portugal, num DVD produzido em parceria com o canal pago Multishow, que gravou um show do cantor no Rio de Janeiro no último dia 6 e vai exibi-lo na TV a partir de setembro.
No Brasil, será lançado somente o DVD “Lobão 2001 – Uma Odisséia no Universo Paralelo”. O CD, que é resultado do show, não. Será vendido somente na Europa e chega a Portugal com 20 mil cópias já vendidas. A diferença dele para o que pode ser comprado nas bancas de jornais do Brasil são exatamente as duas músicas inéditas.
“Para o Mano Caetano” surgiu depois de uma gravação para o “Programa do Jô”, na Globo, onde Lobão diz ter se sentido boicotado porque, no mesmo dia, disputava as atenções com Caetano. “Daí ele começou a dizer um monte de coisa que eu não concordo. E o Jô mostrou o CD novo dele e o meu não, eu tive de tirar ele da manga e mostrar”, disse o músico.
No dia, Caetano apresentava a música “Rock’n’Raul”. “Eu nunca mais ouvi aquela música, foi só naquele momento. Várias coisas pegaram na letra: é uma homenagem escorregadia, ambígua, ele não pode fazer uma homenagem a um grande inimigo dele, que está enterrado e não pode falar nada.”
Lobão disse não ter concordado também com a fala que “todo brasileiro gostaria de, um dia, ser americano”. “Isso não é verdade, ele estava me incluindo. Eu levantei e falei que algo estava errado. Rapidamente, ele falou sobre detalhes delicados da minha vida, com quem eu estudei e como foi minha formação. Ele disse até que tinha comprado meu CD na banca, que recomendava, foi um garoto-propaganda”, afirmou. “Eu fiquei quase implodindo. Eu venho retrucando Caetano sistematicamente muitas e muitas vezes e tenho obtido o silêncio.”
A letra
Depois do episódio, que, segundo Lobão, foi melhor “deixar quieto”, ele resolveu escrever uma crônica para o site “El Foco” lembrando o que havia acontecido, e dali surgiria a canção, de palavras contundentes e um ritmo heavy-metal pesadíssimo.
“A letra conta a história de 20 anos de indignações e paixões em relação ao Caetano. A letra ficou muito caetânica porque ela ficou muito ambígua. Até na primeira pessoa do singular eu não sei se sou eu ou ele, se estou declarando meu amor a eu (sic) ou a ele. Citações e caricaturas que eu faço são de um conhecimento prévio que eu tenho sobre ele.”
A crítica mais explícita, já que, segundo Lobão, a música é totalmente subjetiva, está nos versos “Amado Caetano: Chega de verdade/Viva alguns enganos/Viva o samba, meio troncho,/Meio já cambaleando/A bossa já não é tão nova/Como pensam os americanos”. Não faltam citações à carreira de Caetano como quando ficou no exílio: “Meu amado Caetano/Me ensinando a falar inglês/London, London…”.
Na letra, Lobão cita Santo Amaro da Purificação, onde Caetano nasceu, fala de suas músicas e de sua maneira de aparecer na mídia, criticando os atos do músico baiano. “Não é uma homenagem, é uma declaração de amor. Eu chego até a chorar no final da música… o tom da minha voz é explícito. Não quero que seja um deboche, é muito emotivo.”
“Para o Mano Caetano” já tem um videoclipe pronto e sua letra pode ser encontrada na internet, no site de Lobão (www.lobao.com.br).[hoje não mais, infelizmente]
Segundo ele, que apresentou a canção no show como “uma canção de amor”, a principal crítica é ao cinismo da tropicália. “É conseguir se contradizer sem culpa.”
Lobão garante: “Para o Mano Caetano” não é uma música de protesto. “Eu decretei a falência da música de protesto, pois a revanche é uma música de protesto, é sui generis. Ela só surgiu quando ela cabia. O protesto pressupõe uma ingenuidade, um ressentimento, um ódio… eu tenho uma relação com o ódio muito tranquila. Eu sou baterista e aprendi que porrada sublima o ódio, que é uma coisa bacana. O ressentimento é horrível. O amor e o ódio andam juntos.”
“A Vida é Doce” é uma metalinguagem de tudo o que acontece hoje, diz o cantor.
Outro lado
Procurada, a assessoria de imprensa de Caetano Veloso no Rio de Janeiro não quis se pronunciar sobre as opiniões de Lobão.
A Folha Online tentou falar com a assessora de Caetano, Gilda Matoso, ontem, durante todo o dia, mas ela nem sequer atendeu a reportagem, se limitando a enviar recados por meio de outros profissionais que trabalham em seu escritório.
*Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u14396.shtml
Fotos: MySpace de Lobão
Artigos sobre Caetano Veloso e a MPB
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Nine Out of Ten: Caetano Veloso na vanguarda da música
Os militares pedem a Caetano Veloso que ele faça uma canção elogiando a rodovia Transamazônica – na época em construção. Caetano não aceitou a “proposta”, mas no seu exílio em Londres, gravou o LP com o nome de “Transa”. Uma das principais faixas do álbum é a fascinante Nine Out of Ten, que o próprio Caetano sempre considerou a sua melhor música cantada em inglês. Esta foi a primeira composição brasileira que mencionou a palavra REGGAE. Leia o artigo completo: Nine Out of Ten: Caetano Veloso na vanguarda da música
Arnaldo Dias Baptista: Loki
Loki – Arnaldo Baptista é um documentário cine-biográfico lançado em 2008 sobre a vida do gênio por trás da maior banda de rock do Brasil: Os Mutantes. Reverenciado no exterior, o compositor, cantor, multi-instrumentista, fundador e líder de uma das bandas mais criativas e geniais que o solo tupiniquim já nutriu, Arnaldo Baptista é um quase desconhecido em seu próprio país.. Leia a resenha completa: Arnaldo Dias Baptista: Loki
São Paulo por Caetano Veloso e Tom Zé
Duas músicas feitas em homenagem a São Paulo me emocionam profundamente. Resumem boa parte dos meus sentimentos em relação à megalópole mais amadadoentiafelizloucainfelizintensa deste planeta.
São São Paulo, do primeiro album de Tom Zé, e Sampa, de Caetano Veloso, musicada por “Gilberto Gil e eu”. Leia o artigo completo: São Paulo por Caetano Veloso e Tom Zé
Eles, por Caetano Veloso. São todos felizes durante o Natal.
Em volta da mesa, longe do quintal. A vida começa no ponto final. Eles têm certeza do bem e do mal, falam com franqueza do bem e do mal. Crêem na existência do bem e do mal, o porão da América, o bem e o mal. Só dizem o que dizem, o bem e o mal. Alegres ou tristes, são todos felizes durante o Natal. Leia o artigo completo: Eles, por Caetano Veloso. São todos felizes durante o Natal
Eu particularmente admiro toda a ousadia que o Lobão tem, em vários aspectos. Mas o Lobão não chega aos pés do Caetano! Pelo menos pra mim!
Coitado do Lobão, nunca vai a erudição e perspicácia de Caetano. Vou usar um adjetivo dos Gays.rs #Recalque