Gostando ou não, você não pode ignorar o tamanho do MST, afinal, o movimento sustenta mais de 300.000 famílias no Brasil todo e está em mais de 700 municípios.
Quem não gosta do MST usa o argumento da propriedade privada. Mas a propriedade não é privada em absoluto. As terras que são improdutivas podem e devem serem desapropriadas. Pelo menos é o que diz a lei 5504. E daí dirão (como disseram): “Ah, lei escrita pelo comunista do Lula”. Qual não foi meu prazer ao anunciar que essa lei foi escrita em 1964, no seio da ditadura militar.
Nessa lei diz que a terra brasileira desempenha uma função social. Quando você mora numa casa, essa moradia exerce uma função social. Mas grandes ruralistas, as vezes compram terras apenas de reserva financeira. Acontece que o benefício dessa pessoa muito rica é incompatível em um país que passa fome. A lei passou a contemplar mais ainda o direito de ocupação de terras improdutivas em 1988, dessa vez com os artigos 184 e 186, que garantem a desapropriação de terras que não cumpram sua função social.
E se você acha que invasão continua sendo crime, mesmo para que a terra fique ali parada sem fazer nada, mesmo assim você tem que aprender sobre como o grande latifúndio rural começou.
Em 1850, mesmo ano da abolição do tráfico de escravos, o Império decretou a lei conhecida como Lei de Terras, que substituiu as sesmarias. Essa lei beneficiou os grandes latifundiários, que começaram com um termo que hoje nos é bem comum, que se chama “Grilagem”.
Grilagem é quando um fazendeiro falsifica documentos e torna uma área que era pública para si. É o que acontece hoje nas margens do Amazonas, que está quase extinguindo a nossa floresta. E até hoje o Brasil é um dos países com maior concentração de terras do mundo. Essa concentração de terras torna toda a nação mais pobre e uns pouquíssimos bem mais ricos. Eliminar essa concentração de terras é o único caminho para o progresso e a justiça do Brasil no campo.
A direita brasileira não se dá muito bem com a história da nossa nação. Talvez por isso julgue que os professores de história são “todos comunistas”, quando na verdade eles apenas mostram as coisas como elas foram.
A luta por um pedaço de terra vem desde a colonização, quando os indígenas lutaram e resistiram contra a escravidão. Depois tivemos um Sepé Tiaraju, os Quilombos (e o mais famoso foi o de Palmares). Tudo isso é currículo e deve ser estudado nas escolas.
E enfim chegamos ao próximo ano de 1979, no Rio Grande do Sul. Até o ano de 1981, três fazendas foram ocupadas por gente completamente miserável, camponeses que vagavam sem um lugar para plantar e no seu entorno as grandes fazendas gaúchas sem uma alma viva, nem gado, nem arroz, nada.
A fazenda foi cercada por tropas do exército, comandadas pelo coronel Curió e tudo indicava que ia rolar um massacre. Então teve esse boletim que levou a uma grande manifestação em Porto Alegre, com mais de 15.000 pessoas. E vieram autoridades do Brasil todo e nem a censura conseguiu segurar a onda de informações e denúncias.
“Nós somos mais de 500 famílias de agricultores que vivíamos nessa área (Alto Uruguai) como pequenos arrendatários, posseiros da área indígena, peões, diaristas, meeiros, agregados, parceiros, etc. Desse jeito já não conseguíamos mais viver, pois trás muita insegurança e muitas vezes não se tem o que comer. Na cidade não queremos ir, porque não sabemos trabalhar lá. Nos criamos no trabalho na lavoura e é isto que sabemos fazer.”
Hoje em Dia o MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina e maior produtor de produtos orgânicos do Brasil. Pagam impostos e tornam produtivas terras que estavam improdutivas, gerando lucro para o país.
Além disso, o MST beneficia cerca de 700 municípios no Brasil, através do aumento de circulação financeira.
160 mil crianças estudam no Ensino Fundamental nas 1800 escolas públicas dos acampamentos e assentamentos, totalizando cerca de 30 mil jovens e adultos. Destes, 750 militantes do Movimento estudam em cursos universitários. 58 cursam medicina;
Mais de 200 prêmios internacionais e nacionais foram dedicados ao Movimento;
O MST tem 100 cooperativas, 96 agroindústrias e 1,9 mil associações.
Existem crimes ocorridos dentro do MST? Existem, lógico, na mesma proporção em que ocorrem em todo o Brasil. O que é diferente é o modo como a imprensa trata esses crimes, divulgando com mais energia, porque a imprensa não recebe publicidade do MST como recebem dos latifundiários (O Agro é POP, né, #Globo?)
Você pode dizer que isso é uma propaganda ao movimento, mas não conseguirá refutar estes números.
Experimente uma alimentação mais saudável. Visite uma feira ecológica. Não fique divulgando mentiras. E combata as mentiras com informação.
Chega de fake news. Descubra o MST que você não conhece. Apareceu primeiro em Iconoclastia Incendiária. Como já comentei antes, as ecovilas tem muito a aprender com os assentamentos da reforma agrária e o MST.
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