Uma turnê mundial – um estudo sobre os direitos humanos (1986 – 1988)
Dezembro de 1985: A nova secretária de Bhagwan, sua assistente, seu médico particular e outros discípulos ocidentais que o acompanhavam foram expulsos da Índia, seus vistos cancelados. Nenhuma razão foi dada pelo governo indiano para esse ato sem precedentes, exceto “Vocês não são desejados aqui”. Bhagwan partiu para juntar-se a eles em Katmandu, Nepal, onde retornou seus discursos diários.
1986: Bhagwan foi para a Grécia com um visto de turista de trinta dias. O clero da Igreja Ortodoxa Grega ameaçou o governo de que haveria derramamento de sangue, se Bhagwan não fosse expulso do país.
A polícia invadiu a casa de campo onde Bhagwan estava hospedado, prendeu-o sem um mandato de prisão e o enviou para Atenas, onde apenas um suborno de vinte e cinco mil dólares pôde convencer as autoridades a não colocá-lo num navio com destino à Índia.
Ele deixou a Grécia num jato particular com destino à Suíça, onde seu visto de sete dias foi cancelado no momento de sua chegada, por policiais armados. Ele foi declarado “persona non grata” por “violação de imigração nos Estados Unidos” e convidado a deixar a Suíça.
Dirigiu-se então para a Suécia, onde foi acolhido da mesma forma: cercado pro policiais armados. Foi declarado “um perigo para a segurança nacional” e ordenaram que deixasse o país imediatamente.
Voou para a Inglaterra. A essa altura, seus pilotos eram legalmente obrigados a descansar por oito horas. Bhagwan queria esperar na sala de trânsito do aeroporto, mas não obteve permissão, como também não permitiram que pernoitasse em qualquer hotel. Ao invés disso, Bhagwan e seus companheiros foram trancados numa cela, pequena, suja, cheia de refugiados.
Da Inglaterra, Bhagwan e seu grupo dirigiram-se para Irlanda, onde obtiveram visto de turista. Na manhã seguinte, a polícia chegou ordenando-lhes que partissem imediatamente. Entretanto, foi impossível cumprir essa determinação porque o Canadá negara permissão para pouso e reabastecimento em Gander, escala necessária para chegar a Antígua, no mar do Caribe. Essa recusa foi feita apesar do termo de responsabilidade firmado pelo Lloyds de Londres, garantindo que Bhagwan não sairia do avião.
Ele pode permanecer na Irlanda até que novas providências fossem tomadas, contanto que não houvesse qualquer publicidade.
Durante essa espera, Antígua resolveu suspender a permissão de entrada para Bhagwan. A Holanda, ao ser consultada, também rejeitou Bhagwan. A Alemanha já aprovara um “decreto preventivo” não permitindo que Bhagwan entrasse no país. Na Itália, seu pedido de visto de turista ficou em suspenso – e na verdade não foi concedido até hoje.
No último momento, o Uruguai apareceu com um convite, e assim, Osho e seus devotos e companheiros de viagem voaram para Montevidéu, via Dakar, Senegal. O governo do Uruguai chegou mesmo a aceitar a possibilidade de conceder-lhe residência permanente.
Entretanto, foi no Uruguai que se descobriu a razão pela qual ele vinha sendo banido em todos os países nos quais tentara entrar: um telex com “informações diplomáticas secretas” (todos oriundos de países ligados à OTAN) mencionando rumores da INTERPOL envolvendo Bhagwan e seu grupo em “contrabando, tráfico de drogas e prostituição”, haviam invariavelmente precedido sua chegada aos países que possivelmente iriam hospedá-lo. Descobriu-se que a fonte dessas histórias eram os Estados Unidos. Em pouco tempo, o Uruguai começou a sofrer essa mesma pressão.
Na véspera da conferência de imprensa para anunciar o direito de residência permanente a Bhagwan no Uruguai, o presidente Sanguinetti recebeu um telefonema de Washington D.C. dizendo que se Osho permanecesse no Uruguai, os empréstimos americanos correntes, num montante de seis bilhões de dólares, seriam resgatados e todos os empréstimos futuros cancelados. Bhagwan teve de deixar o Uruguai em 18 de Junho de 1986. No dia seguinte, Sanguinetti e Ronald Reagan anunciavam um novo empréstimo dos EUA ao Uruguai, de cento e cinqüenta milhões de dólares.
A Jamaica concedeu um visto de dez dias a Osho. Momentos após a aterrissagem, um jato da marinha norte-americana aterrissou próximo ao jato particular de Bhagwan, e dele desceram dois civis. Na manhã seguinte, estavam cancelados os vistos de Osho e seus companheiros, “por motivos de segurança nacional”.
Bhagwan voou para Lisboa, via Madri, e lá permaneceu “não descoberto” por algum tempo. Algumas semanas mais tarde, policiais cercaram a casa de campo onde ele descansava. Osho decidiu retornar à Índia no dia seguinte, em 28 de julho de 1986.
Ao todo, vinte e um países o haviam deportado ou impedido sua entrada.
*Fonte: Rajneesh, Bhagwan Shree. A Nova Criança. Eco: Rio de Janeiro, 1988.
Saiba mais sobre Osho, também conhecido como Bhagwan Shree Rajneesh
- Quem é Osho?
- Biografia de Bhagwan Shree Rajneesh: Osho – Os anos de juventude (Parte 1)
- Biografia de Bhagwan Shree Rajneesh: Osho – chegando ao estrelato mundial (Parte 2)
- Biografia de Bhagwan Shree Rajneesh: Osho – criação de Rajneeshpuram em Oregon (Wild Wild Country) (Parte 3)
- Biografia de Bhagwan Shree Rajneesh: Osho – perseguido no mundo todo (Parte 4)
- Biografia de Bhagwan Shree Rajneesh: Osho – de volta para casa (Parte 5)
E possível saber onde Osho hospedou no Uruguai e onde tem centro de meditação em Montividieo.